Os Estados Unidos identificaram em 2023 a possibilidade de a China utilizar seu controle sobre minerais de terras raras como uma ferramenta de coerção, após Pequim implementar restrições nas exportações. O Japão, que já enfrentou uma situação semelhante em 2010, está novamente em alerta. Naquela ocasião, o país prometeu diversificar suas fontes e, ao longo dos anos, investiu centenas de milhões de dólares em fornecedores australianos, embora ainda dependesse da China para cerca de 70% de suas importações de terras raras até o ano passado.
As restrições impostas pela China em abril deste ano afetaram diversas montadoras japonesas, evidenciando a vulnerabilidade do Japão em relação a esse recurso estratégico, amplamente utilizado em eletrônicos, veículos e armamentos. Kazuto Suzuki, professor da Escola de Políticas Públicas da Universidade de Tóquio, destacou que, apesar da consciência sobre essa dependência, as empresas japonesas ainda não encontraram alternativas viáveis que não envolvessem custos elevados.
Historicamente, a China se tornou a principal fornecedora de terras raras no início deste século, controlando 85% das importações do Japão em 2009. O uso de restrições de exportação pela China em 2010, em meio a tensões diplomáticas, levou o Japão a reconhecer sua vulnerabilidade. Desde então, o país tem buscado reduzir essa dependência, com investimentos recentes de 200 milhões de dólares australianos na Lynas, que começará a fornecer disprósio e térbio, e 110 milhões de euros em um projeto com a Carester, que poderá atender a um quinto da demanda japonesa por esses elementos.
Atualmente, o Japão planeja aumentar a produção de ímãs de neodímio, desenvolver novas tecnologias que utilizem menores quantidades de terras raras e intensificar a reciclagem desses materiais, como parte de uma estratégia para garantir sua segurança econômica e tecnológica no futuro.