Os Estados Unidos identificaram em 2023 a possibilidade de a China utilizar seu controle sobre minerais de terras raras como uma ferramenta de pressão, especialmente após Pequim impor restrições às exportações. O Japão, que já enfrentou uma situação semelhante em 2010, está novamente em alerta. Naquela época, o país prometeu estar preparado para futuras crises e, ao longo dos anos, investiu centenas de milhões de dólares em fornecedores australianos. No entanto, até 2022, cerca de 70% das importações de terras raras do Japão ainda vinham da China, conforme dados da Organização Japonesa para Segurança de Metais e Energia.
Em abril de 2023, as montadoras japonesas foram novamente afetadas pelas restrições chinesas, levantando preocupações sobre a vulnerabilidade do Japão em relação a esses recursos essenciais, utilizados em eletrônicos, veículos e armamentos. Kazuto Suzuki, professor da Escola de Políticas Públicas da Universidade de Tóquio, destacou que, apesar da consciência sobre essa dependência, as empresas japonesas ainda não encontraram alternativas viáveis que não impliquem custos elevados.
Historicamente, a China se tornou a principal fornecedora de terras raras no início deste século, dominando tanto a extração quanto o refino desses minerais. Em resposta a uma crise diplomática em 2010, quando um incidente envolvendo embarcações japonesas resultou em restrições de exportação, o Japão demorou mais de uma década para abordar essa questão crítica. Recentemente, o governo japonês, através da Jogmec e da Sojitz, investiu 200 milhões de dólares australianos na Lynas, que agora fornece disprósio e térbio ao Japão. Além disso, um investimento de 110 milhões de euros foi anunciado para apoiar um projeto que visa atender a um quinto da demanda japonesa por esses elementos.
O Japão está agora focado em aumentar a produção de ímãs de neodímio, desenvolver alternativas que utilizem menores quantidades de terras raras e intensificar a reciclagem, buscando assim reduzir sua dependência da China e garantir a segurança de seu suprimento de recursos estratégicos.