Os investimentos federais voltados para ações que beneficiam a infância e a adolescência aumentaram significativamente, passando de R$ 96 bilhões em 2019 para R$ 240 bilhões em 2024, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9) e mostram que, apesar do crescimento, houve uma leve redução de R$ 4 bilhões entre 2023 e 2024.
A proporção desses investimentos em relação ao orçamento total da União também subiu, passando de 3,36% para 4,91% no mesmo período. Contudo, o gasto social com crianças e adolescentes ainda representa menos de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que abriga aproximadamente 48,7 milhões de jovens, ou 24% da população total, conforme o Censo de 2022.
O estudo destaca que, em 2024, o investimento médio por criança e adolescente será de R$ 5 mil anuais, o que equivale a R$ 420 mensais. Essa quantia é considerada insuficiente para cobrir as despesas essenciais relacionadas à educação e saúde, como exemplificado pelo custo médio de um plano de saúde infantil e materiais escolares. As políticas públicas de transferência de renda, como o Bolsa Família, foram as que mais receberam recursos, com um aumento de R$ 54 bilhões para R$ 159 bilhões entre 2021 e 2023, beneficiando 32,4 milhões de crianças e adolescentes.
O estudo ressalta que a alocação inadequada ou insuficiente de recursos pode comprometer o acesso a serviços essenciais para o desenvolvimento e proteção da infância. Embora a educação tenha se tornado a segunda maior área de investimento, superando a saúde, a pesquisa aponta que a maioria das ações ainda se destina a políticas de alívio à pobreza, com apenas 15% a 30% dos recursos focados em iniciativas específicas para crianças e adolescentes.