A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) investiga possíveis ligações entre o crime organizado e o clube Associação Desportiva de Fafe, da terceira divisão do futebol português. A apuração foi motivada por denúncias de que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) estaria financiando o clube e utilizando a empresa UJ Football Talent para realizar transações ilícitas de compra e venda de jogadores. A investigação foi iniciada após uma reportagem do jornal O Público, em 2024, e segue em andamento.
A UJ Football Talent, que recebeu mais de R$ 800 mil do Corinthians, nega qualquer vínculo com o PCC e afirma que atua no mercado de agenciamento de jogadores de forma ética e legal. O clube Fafe também se distanciou da empresa, alegando que não possui relação com seus acionistas e que o sócio Ulisses Jorge desistiu de qualquer negócio por motivos pessoais. A denúncia sugere que empresários brasileiros associados ao PCC já estariam operando no Fafe, mesmo sem participação formal no clube.
Pesquisadores e autoridades, como o procurador nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália, Giovanni Melillo, alertam sobre o aumento da infiltração de organizações criminosas no futebol europeu, especialmente em divisões inferiores. Melillo destacou que o fenômeno é subvalorizado pelas autoridades e que há um esforço crescente para mapear a atuação de grupos brasileiros no esporte, com foco em lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. O relatório da Polícia Civil brasileira aponta que parte do dinheiro do patrocínio da Vai de Bet ao Corinthians foi direcionado a contas ligadas ao PCC, intensificando as preocupações sobre a relação entre crime organizado e o futebol.