Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA) que pode identificar com precisão pacientes com comprometimento cognitivo leve que estão em maior risco de desenvolver Alzheimer. A descoberta foi publicada na revista científica Nature na quarta-feira (17) e promete otimizar ensaios clínicos, tornando-os mais eficazes e econômicos.
O estudo reanalisou dados de um ensaio clínico anterior que testava um medicamento para Alzheimer, inicialmente sem resultados significativos. Com a nova abordagem, os pesquisadores conseguiram dividir os participantes em grupos com diferentes taxas de progressão da doença. No grupo com progressão lenta, o medicamento demonstrou retardar o declínio cognitivo em 46%, evidenciando a importância da estratificação precisa proporcionada pela IA.
A professora Zoe Kourtzi, autora sênior do estudo, destacou que a IA conecta "pacientes certos aos medicamentos certos", acelerando a busca por tratamentos personalizados para a demência. A nova tecnologia não apenas melhora a eficácia dos ensaios clínicos, mas também pode aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde pública, como o NHS britânico, ao identificar quais pacientes se beneficiarão dos tratamentos.
A demência é uma das principais causas de morte no Reino Unido e no mundo, com custos globais que podem chegar a R$ 7,2 trilhões por ano. Apesar dos investimentos significativos em pesquisa, a taxa de falha no desenvolvimento de medicamentos permanece acima de 95%. A nova abordagem com IA pode ser um passo crucial na luta contra essa condição devastadora.