Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA) que identifica com precisão pacientes com comprometimento cognitivo leve que estão em maior risco de desenvolver Alzheimer. A descoberta, publicada na revista Nature em 17 de outubro, promete otimizar ensaios clínicos e acelerar o desenvolvimento de tratamentos personalizados para a demência, uma condição que afeta milhões globalmente.
O estudo reanalisou dados de um ensaio clínico anterior que testava um medicamento contra o Alzheimer, que inicialmente não mostrou eficácia significativa. Com o uso da IA, os pesquisadores conseguiram estratificar os participantes em grupos com diferentes taxas de progressão da doença, revelando que o medicamento retardou o declínio cognitivo em 46% entre aqueles com progressão mais lenta.
A professora Zoe Kourtzi, autora sênior do estudo, destacou que a IA conecta "pacientes certos aos medicamentos certos", permitindo a identificação precoce de quem pode se beneficiar dos tratamentos. Essa abordagem não apenas torna os ensaios clínicos mais rápidos e econômicos, mas também pode aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde, como o NHS britânico, ao direcionar recursos para pacientes que realmente necessitam.
Com a demência sendo a principal causa de morte no Reino Unido e com custos globais que podem chegar a R$ 7,2 trilhões por ano, a nova tecnologia pode representar um avanço significativo na luta contra essa condição devastadora. A expectativa é que a IA ajude a acelerar a busca por tratamentos eficazes, que atualmente são escassos e frequentemente falham nos testes clínicos.