A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou uma alta de 0,24% em junho, conforme divulgado nesta quinta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do primeiro semestre, a inflação atingiu 2,99%, enquanto a variação em 12 meses ficou em 5,35%, superando o teto da meta de inflação de 4,5%. As expectativas dos analistas variavam entre 5,25% e 5,37%, com uma mediana de 5,31%.
O descumprimento da meta de inflação já era previsto, uma vez que, para que a taxa ficasse abaixo do limite estabelecido, seria necessária uma deflação de pelo menos 0,58% em junho. O novo regime de meta contínua de inflação, implementado neste ano, exige que o Banco Central justifique publicamente o descumprimento da meta, o que levou o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, a emitir uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na carta, Galípolo atribuiu o desvio da meta à atividade econômica aquecida, expectativas de inflação desancoradas, inércia inflacionária e depreciação cambial. O Banco Central também destacou o crescimento significativo do Produto Interno Bruto (PIB) no início do ano, impulsionado pelo setor agropecuário, além de indicadores de mercado de trabalho que mostraram desempenho superior ao esperado.
Em junho, o grupo Alimentação e Bebidas teve uma queda de 0,18%, a primeira em nove meses, enquanto os preços de Transportes subiram 0,27%. A variação nos combustíveis foi negativa, com uma queda de 0,42%, refletindo uma redução nos preços da gasolina. Essas mudanças nos preços impactaram diretamente a composição do IPCA, conforme analisado pelos especialistas.