Os dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a inflação oficial do Brasil ultrapassou o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) pela primeira vez desde a alteração na metodologia de apuração, que entrou em vigor no início deste ano. A meta de inflação é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual, o que significa que o teto é de 4,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma inflação acumulada de 5,35% em 12 meses, marcando a sexta vez consecutiva que o índice supera este limite.
Em junho, o IPCA teve uma variação de 0,24%, mas a soma dos últimos 12 meses indica uma pressão inflacionária, especialmente no grupo de alimentos e bebidas, que apresentou um aumento de 6,66%. Essa situação é preocupante, pois a nova metodologia de metas de inflação, que será implementada em 2025, busca evitar a caracterização de descumprimento em casos de variações temporárias, como choques de preços.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, deverá enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões para o descumprimento da meta, além de apresentar as medidas que serão adotadas para controlar a inflação. Historicamente, o Brasil já ultrapassou a meta em diversas ocasiões, sendo que a última vez que a inflação ficou abaixo do piso foi em 2017, quando o IPCA fechou o ano em 2,95%. O regime de metas de inflação, implementado em 1999, visa garantir a estabilidade de preços no país e é fundamental para a política monetária brasileira.