A Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (28 de julho de 2025) expressando seu repúdio à proposta de redução das alíquotas de importação sobre veículos SKD (Semi Knocked Down) e CKD (Completely Knocked Down). As entidades argumentam que a medida favorece fabricantes estrangeiros, especialmente a montadora chinesa BYD, e prejudica a indústria nacional.
O pleito, que está sob análise na Camex (Câmara de Comércio Exterior), foi solicitado pela BYD e pode ser votado em reunião extraordinária do Gecex (Comitê Executivo de Gestão) na quarta-feira (30 de julho). A montadora pede a redução do imposto de importação de 18% para 5% para carros elétricos e de 20% para 10% para híbridos. As associações alertam que essa mudança criaria uma concorrência desleal e resultaria em perda de empregos e investimentos no setor.
Além de Lula, a carta foi encaminhada a outros membros do governo, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda Fernando Haddad. As entidades ressaltam que o aumento das importações de veículos asiáticos, que cresceu cerca de 190% em 2024, já está impactando negativamente a indústria local. Eles pedem que o governo reconsidere a proposta, que contradiz iniciativas de estímulo à competitividade da indústria nacional, como o programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação).
A proposta de redução de impostos também gerou desconforto entre as principais montadoras instaladas no Brasil, que já haviam se manifestado contra a medida em uma carta conjunta a Lula. Elas alertam para uma possível revisão de investimentos de pelo menos R$ 60 bilhões e o risco de demissão de até 50.000 trabalhadores na cadeia automotiva, caso a proposta avance.