Uma mulher de 29 anos, da etnia Kokama, denunciou ter sido vítima de estupros em série enquanto esteve detida na 53ª Delegacia de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas. Os abusos ocorreram entre novembro de 2022 e agosto de 2023, período em que a indígena estava presa ilegalmente e amamentava seu filho recém-nascido, que permaneceu com ela na cela por quase dois meses.
A prisão da mulher ocorreu em 11 de novembro de 2022, após uma denúncia de violência doméstica. Ao ser levada à delegacia, os policiais descobriram um mandado de prisão em aberto contra ela por suposta participação em um homicídio em Manaus. Sem cela feminina disponível, a indígena foi colocada em uma cela com homens, onde, segundo a denúncia, os abusos começaram.
Somente após sua transferência para a Unidade Prisional Feminina de Manaus, em agosto de 2023, a mulher relatou os abusos a que foi submetida, apontando a participação de quatro policiais militares e um guarda municipal. A defesa da indígena entrou com uma ação de indenização contra o Estado, solicitando R$ 500 mil, além de acompanhamento médico e psicológico.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e a Polícia Civil informaram que um procedimento foi instaurado para investigar o caso, enquanto a Polícia Militar abriu um inquérito policial militar. Até o momento, o Tribunal de Justiça do Amazonas e a Defensoria Pública não se pronunciaram sobre a situação.