A uma semana da implementação da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, o diretor de Macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk, avaliou que o impacto econômico será "pouco relevante" para o Brasil. Em entrevista ao InfoMoney durante a Expert XP 2025, Kanczuk, que já ocupou cargos no Ministério da Fazenda e no Banco Central, destacou que a perda estimada nas exportações corresponde a apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Embora o impacto geral seja considerado pequeno, Kanczuk reconhece que setores específicos, como os de sucos de laranja, café, carne e aviação, podem sofrer consequências mais severas. Ele sugere que a solução para mitigar os efeitos da tarifa seria a negociação de tarifas setoriais mais baixas ou a busca de isenções fiscais junto ao governo federal. Kanczuk também expressou ceticismo quanto à possibilidade de o Brasil conseguir negociar uma redução nas tarifas, devido à dificuldade de diálogo com os EUA.
Além disso, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) revelou que, em 2024, 33,7% do comércio entre Brasil e EUA foi realizado entre empresas do mesmo grupo econômico, o que levanta questões sobre a dinâmica do comércio bilateral. A entrada em vigor das tarifas pode ainda incentivar práticas de transhipping, onde produtos são exportados de um país a outro antes de chegarem aos EUA, dificultando o rastreamento de origem. Apesar das tentativas do governo Trump de combater essa prática, Kanczuk acredita que será um desafio controlar efetivamente essa situação.
Até o momento, não houve novas rodadas de negociações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos desde o mês passado, e uma contraproposta brasileira enviada em maio permanece sem resposta. Os EUA estariam buscando uma nova justificativa legal para a aplicação da tarifa, possivelmente através de uma declaração de emergência.