A identificação de crianças superdotadas no Brasil enfrenta desafios significativos, uma vez que não existe um modelo único para reconhecê-las. Especialistas apontam que a superdotação se manifesta de diversas formas e não pode ser mensurada apenas por testes de QI, que geralmente consideram 130 como referência. A análise deve incluir comportamento, contexto e acesso ao conhecimento, conforme afirmam profissionais da área.
Os testes de QI, como o WISC e as Matrizes Progressivas de Raven, são aplicados a partir dos seis anos, e um desempenho excepcional pode resultar em laudos psicológicos que garantem direitos educacionais. No entanto, especialistas como Lurian Dionizio Mendonça e Fernanda Serpa alertam que confiar apenas no QI pode ser limitador, uma vez que esses testes se baseiam em saberes escolares que nem todas as crianças têm acesso.
Para uma identificação mais precisa, recomenda-se o uso de listas de indicadores comportamentais que ajudam educadores a perceber sinais precoces de superdotação. A legislação brasileira, por meio do Parecer CNE/CEB nº 17/2001, assegura atendimento educacional especializado para esses alunos, visando garantir um ensino compatível com suas capacidades.
Estima-se que cerca de 5% da população mundial tenha algum tipo de superdotação, segundo a OMS. No Brasil, no entanto, apenas 24 mil estudantes foram oficialmente identificados até o Censo Escolar de 2020, representando cerca de 1% do total. A identificação correta é crucial, pois crianças superdotadas não são necessariamente “gênios”, mas apresentam formas diferentes de perceber e processar o mundo, o que pode levar à desmotivação em atividades escolares convencionais.