O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registrou em julho uma queda de 4,17%, marcando seu pior desempenho do ano. O recuo interrompeu uma sequência positiva que durou de março a junho, quando o índice alcançou a marca histórica de 141 mil pontos no dia 4 de julho. Desde então, o fluxo de investimentos estrangeiros na B3 se inverteu, resultando em saídas significativas, especialmente após a ameaça do governo Trump de impor tarifas de 50% sobre importações do Brasil.
Na última sessão do mês, realizada nesta quinta-feira, 31, o índice apresentou uma queda de 0,69%, fechando a 133.071,05 pontos. O volume de negociações foi de R$ 21,3 bilhões, e o Ibovespa acumulou uma perda de 0,34% na semana, embora ainda mantenha uma alta de 10,63% no ano. O economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares, destacou que a combinação de fatores, incluindo a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e dados econômicos desfavoráveis, contribuiu para o ajuste negativo no final do mês.
Além disso, Tavares mencionou que a taxa de desemprego, que ficou em 5,8% no trimestre encerrado em junho, reforça a percepção de aquecimento do mercado de trabalho, mesmo em um cenário de política monetária restritiva. A escalada na percepção de risco do Brasil, em decorrência de tensões diplomáticas com os Estados Unidos, também tem gerado volatilidade no mercado. Especialistas, como Willian Queiroz da Blue3 Investimentos, indicam que o viés de baixa do Ibovespa pode persistir no curto prazo, à medida que investidores adotam uma postura defensiva diante da incerteza econômica.