MILÃO – A expectativa de que a inteligência artificial (IA) aumentará a produtividade em diversos setores tem ganhado força entre empresas, investidores e analistas. No entanto, especialistas alertam que os benefícios dessa tecnologia podem não ser amplamente distribuídos, levantando questões sobre o impacto no emprego e na renda. A implementação da IA, embora promissora, enfrenta barreiras como acesso e curva de aprendizado, o que pode atrasar sua adoção efetiva.
Estudos indicam que a expansão das ferramentas de IA pode levar a ganhos significativos de produtividade. Contudo, se a maioria dessas inovações se concentrar na automação e na substituição de trabalhadores, os efeitos podem ser prejudiciais, aumentando a desigualdade. Pesquisadores como Andreas Haupt e Erik Brynjolfsson sugerem que a colaboração entre humanos e IA, por meio de “avaliações de centauro”, pode ser uma alternativa para evitar que o desenvolvimento da tecnologia se torne um mero “jogo de imitação”.
Além disso, a análise do mercado de trabalho é crucial. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 20% dos trabalhadores estão empregados em setores comercializáveis, que apresentam maior produtividade e crescimento de renda. Em contrapartida, quase 80% estão em setores não-comercializáveis, onde a divergência em termos de produtividade tem aumentado nas últimas três décadas. Para que a IA beneficie a economia como um todo, é essencial que sua aplicação alcance também empregos de baixa e média renda, evitando assim um aumento acentuado da desigualdade.