O historiador Carlos Vidigal, da Universidade de Brasília (UnB), destaca que o mundo vive um período de aceleração da história, caracterizado por guerras, crises climáticas e tensões políticas. Em entrevista, Vidigal afirma que a sensação de incerteza atual é comparável à vivida durante a Segunda Guerra Mundial, com múltiplos atores no cenário internacional e a falta de clareza sobre o futuro. O especialista ressalta que decisões econômicas, conflitos militares e avanços tecnológicos se interconectam, afetando a vida de bilhões de pessoas.
A análise de Vidigal se insere em um contexto mais amplo, onde a ideia do "fim da história", proposta pelo historiador Francis Fukuyama em 1991, é reavaliada. Três décadas após o colapso da União Soviética, o mundo se mostra fragmentado e repleto de novas disputas de influência, como evidenciado pela invasão da Ucrânia pela Rússia e a ascensão de potências autocratas. Fukuyama, em seu livro "Liberalism and Its Discontents", reconhece que o liberalismo não atendeu às expectativas de justiça social, contribuindo para o avanço de líderes populistas e o descontentamento social.
O cientista político Murilo Medeiros complementa a análise, afirmando que o sentimento de exclusão em relação às instituições democráticas tem se intensificado. Segundo ele, essa insatisfação é frequentemente utilizada por grupos políticos para fomentar a polarização e criar inimigos externos, refletindo uma busca por maior controle popular nas decisões políticas. O cenário atual, marcado por militarização e conflitos, aponta para uma nova era nas relações internacionais, onde o uso da força se torna central na política global.