Após mais de dois mil anos de silêncio, um hino da antiga Babilônia foi decifrado por especialistas em escrita cuneiforme da Universidade de Munique. O texto, fragmentado em cerca de 20 tábuas de argila, foi publicado na revista Iraq, da Cambridge University Press. Com aproximadamente 250 versos, a obra exalta a cidade da Babilônia, seus deuses e a natureza, especialmente com a chegada da primavera.
O hino destaca a importância do rio Eufrates para a fertilidade da região, descrevendo-o como um presente do sábio senhor Nudimmud. Além de retratar a cidade como um símbolo de riqueza e justiça, o texto também revela aspectos da vida social babilônica, incluindo a proteção a órfãos e estrangeiros, e o papel das mulheres, valorizadas por sua discrição e devoção religiosa.
A decifração do hino foi facilitada pela digitalização de milhares de fragmentos e pelo uso de inteligência artificial para cruzar informações. Cópias da composição foram encontradas em tábuas escolares, indicando sua relevância na formação de escribas e sua importância literária, ao lado de obras clássicas como o Enuma Elish. Este achado oferece um raro vislumbre dos valores e da sensibilidade de uma civilização que, mesmo milênios depois, ainda se faz ouvir.