O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o Executivo federal foi "depenado" nos últimos dez anos devido a sucessivas transferências de recursos para estados e municípios. A afirmação foi feita durante entrevista ao ICL Notícias nesta segunda-feira (21), onde discutiu os desafios da recuperação fiscal do Brasil.
Haddad destacou que prefeitos e governadores enfrentam dificuldades em lidar com impostos sobre propriedade, preferindo solicitar recursos à União. "A viúva lá, que é o Executivo federal, é sempre lembrada quando falta dinheiro", afirmou. Ele ressaltou que os repasses e benefícios fiscais a entes subnacionais contribuíram para a fragilidade fiscal do governo central, que acumula uma década de déficits primários em torno de 2% do PIB.
O ministro também mencionou sua intenção de reequilibrar as contas públicas sem penalizar os mais pobres, propondo que o ajuste recaia sobre os 1% da população que não paga impostos. Além disso, Haddad criticou a lentidão na aprovação de leis para coibir devedores contumazes, que utilizam brechas legais para evitar o pagamento de tributos. Ele enfatizou a necessidade de reverter um sistema tributário que, no passado, incentivava a inadimplência.
Por fim, Haddad elogiou a retomada do voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) como uma medida importante para combater a inadimplência, afirmando que o governo está empenhado em reverter essa situação e melhorar a arrecadação tributária.