O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou neste sábado (19) que o governo brasileiro não planeja implementar medidas mais rigorosas de controle sobre remessas de dividendos como retaliação às sanções dos Estados Unidos. A declaração ocorre em meio a negociações sobre a sobretaxa de 50% aplicada a produtos brasileiros, que entrará em vigor em 1º de agosto, caso não haja acordo.
Apesar da negativa de Haddad, fontes próximas às discussões indicam que uma fiscalização mais intensa das remessas de multinacionais americanas no Brasil está sendo considerada. No entanto, há divergências no comitê interministerial responsável pelas negociações sobre a postura a ser adotada em resposta ao governo americano, caso as conversas não avancem.
Haddad enfatizou que o governo não pretende punir empresas por questões políticas, temendo que isso possa afastar investimentos. Por outro lado, alguns membros do governo acreditam que a administração de Luiz Inácio Lula da Silva deve demonstrar firmeza na defesa da soberania nacional diante das ações do presidente Donald Trump. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que coordena o comitê, também destacou que questões políticas não devem interferir nas negociações comerciais.
Atualmente, o governo brasileiro está avaliando as relações com os EUA, considerando que as ações norte-americanas são de natureza política. O Planalto já vinha estudando possíveis reações antes mesmo da recente operação da Polícia Federal que atingiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, e a prioridade continua sendo buscar uma solução diplomática antes de adotar medidas mais severas, que poderão ser consideradas a partir de 2 de agosto, caso não haja um acordo satisfatório.