O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (29) que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, pode levar a uma redução da inflação no Brasil. Durante entrevista à CNN Brasil, Haddad argumentou que a necessidade de empresas brasileiras redirecionarem suas vendas do mercado externo para o interno aumentaria a oferta de produtos, o que, em teoria, poderia resultar em preços mais baixos.
No entanto, economistas consultados pelo Poder360 expressaram ceticismo em relação à afirmação do ministro. Ecio Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco, classificou a declaração como “inocente”, ressaltando que, embora possa haver um alívio momentâneo nos preços, as dificuldades em desbravar novos mercados e questões sanitárias complicariam a situação. Costa também alertou para o risco de perecibilidade de produtos como carnes e frutas, que podem não ser comercializados a tempo, resultando em desperdício.
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, complementou que a redução de preços de alguns itens, como frutas e pescados, seria de curto prazo e quase imperceptível no contexto geral da inflação brasileira, que é composta por cerca de 500 itens. Ele destacou que a queda momentânea não deve influenciar a taxa Selic, que permanece em 15% ao ano, devido à persistência de uma inflação elevada em outros setores.
A nova taxa de 50% sobre as importações brasileiras, determinada por Trump, entrará em vigor em 1º de agosto, e o presidente dos EUA já sinalizou que não haverá recuo na decisão. Haddad, ao ser questionado sobre os impactos negativos nas empresas exportadoras, afirmou que o governo brasileiro está preparando um auxílio para mitigar os efeitos do tarifaço, embora especialistas temam um aumento no desemprego como consequência das medidas.