Os Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, impuseram uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, uma medida que analistas acreditam estar ligada a questões que vão além do comércio. A decisão, anunciada em um contexto de crescente tensão econômica e geopolítica com a China, reflete a estratégia de Trump de usar tarifas como uma ferramenta para obter vantagens em diversas áreas, conforme declarado pelo Secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Bessent afirmou que as tarifas visam nivelar o campo de jogo no comércio internacional, buscando recompensar a engenhosidade e a estabilidade, em vez de práticas como manipulação monetária e roubo de propriedade intelectual. A sobretaxa ao Brasil, embora justificada por Trump como uma resposta a tarifas consideradas injustas, não se sustenta diante dos dados que mostram uma relação comercial equilibrada entre os dois países.
Dados da Ancham indicam que as tarifas médias efetivas do Brasil sobre produtos americanos são de 2,7%, enquanto as tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros são de 2,2%. A imposição da tarifa elevada coincide com a aproximação do Brasil com a China, especialmente após críticas do presidente Lula à administração Trump durante a cúpula dos Brics, onde discutiu a possibilidade de transações financeiras fora do dólar.
A preocupação de Trump com a ascensão da China como uma ameaça à hegemonia americana é um tema recorrente, evidenciado em suas declarações anteriores. A decisão de sobretaxar o Brasil, portanto, pode ser vista como uma resposta a essa dinâmica geopolítica, refletindo a complexidade das relações comerciais e políticas entre os países envolvidos.