O governo brasileiro anunciou que recorrerá à Justiça contra a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as mangas brasileiras, que entrará em vigor em 6 de agosto. A decisão foi comunicada pela produtora Hidherica Torres, de Casa Nova, na Bahia, que foi informada na terça-feira (29) que suas frutas não seriam mais enviadas aos portos americanos. Com a tarifa, a venda das mangas para os EUA se tornou inviável, levando a produtora a buscar alternativas de exportação para o Canadá ou Europa.
Na quarta-feira (30), o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o decreto que estabelece a tarifa, mas excluiu alguns produtos, como aeronaves e suco de laranja, deixando as frutas de fora. O Vale do São Francisco, principal região produtora de mangas do Brasil, já sente os efeitos da medida, com pequenos produtores enfrentando queda nos preços devido à superlotação do mercado interno. José Nilton Gonçalves, um pequeno produtor de Pernambuco, relatou que os compradores estão oferecendo menos de R$ 0,80 por quilo da manga, um valor muito abaixo do que era praticado no início do ano.
De acordo com o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, 92% das mangas produzidas no Vale do São Francisco são destinadas à exportação, com a Europa sendo o principal mercado. Em 2024, o Brasil exportou 258 mil toneladas de mangas, gerando um faturamento de US$ 349,8 milhões. A produção voltada para o mercado americano é mais cara e concentrada nos meses de agosto a outubro, quando a demanda é maior. A situação atual levanta preocupações sobre a sustentabilidade da produção e os impactos econômicos para os agricultores brasileiros.