Estratégia é liderada por aliados próximos ao presidente e visa mobilizar apoio popular.
A estratégia digital do governo Lula, liderada por Paulo Okamotto, Jilmar Tatto e Otávio Antunes, visa defender a taxação de ricos e bancos, em resposta a um diagnóstico de enfraquecimento do governo. A mobilização, que começou no início do ano, foi impulsionada por militantes e influenciadores do PT, buscando articular uma atuação coordenada nas redes sociais, algo que o partido não havia conseguido anteriormente. A campanha, intitulada 'Taxação BBB – Bancos, Bets e Bilionários', surgiu após pesquisas que indicaram a perda de apelo popular das políticas sociais e a preocupação com o avanço das apostas esportivas entre evangélicos.
Com o material da campanha pronto em junho, a divulgação foi antecipada devido à crise do IOF e à decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, de pautar a derrubada de um decreto do governo. Embora a campanha oficial do PT não contenha ataques diretos ao Congresso, vídeos apócrifos produzidos por Inteligência Artificial e compartilhados por influenciadores geraram preocupações no Palácio do Planalto. A ministra Gleisi Hoffmann contatou Motta para esclarecer que o governo não estava por trás das peças, mas a situação acendeu um alerta sobre a possibilidade de deterioração das relações com o Legislativo.
Lula e seus aliados reconhecem a importância da justiça tributária como uma bandeira central até 2026, mas enfrentam desafios em calibrar o discurso e controlar a militância. Apesar dos riscos, a estratégia digital representa uma tentativa do governo de sair da defensiva nas redes sociais e pautar o debate público, unificando alas do governo que estavam em conflito. No entanto, há receios de que essa ofensiva possa prejudicar as relações com o Congresso, essenciais para a governabilidade.