A nove dias da implementação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes do setor privado consideram cada vez mais remota a possibilidade de suspensão da medida anunciada pela administração Trump. A tarifa deve entrar em vigor em 1º de agosto, e há receios de que não haja espaço para um acordo prévio entre os países.
Informações do jornal O Globo, confirmadas por fontes próximas às negociações, indicam que a possibilidade de uma missão oficial do governo brasileiro a Washington está sendo avaliada, mas ainda sem decisão. Entre os obstáculos estão o tratamento reservado ao Brasil pela gestão Trump e a atuação de uma missão parlamentar brasileira que viajará aos EUA entre 29 e 31 de julho.
Desde maio, o Brasil aguarda uma resposta a uma proposta de negociação enviada aos Estados Unidos, que inclui a identificação de produtos de interesse bilateral. Apesar de contatos informais entre diplomatas, o governo americano ainda não se manifestou oficialmente. Na última quarta-feira (23), o Brasil condenou na Organização Mundial do Comércio (OMC) o uso de tarifas como ferramenta de coerção política, alertando para os riscos à estabilidade econômica global.
Diante do impasse, a estratégia do governo brasileiro foca em intensificar esforços diplomáticos e mobilizar empresas americanas que operam no Brasil. A expectativa é que essas empresas pressionem Washington, seguindo o exemplo de outros países que enfrentaram situações semelhantes. A retaliação direta com aumento de tarifas sobre produtos americanos está, por ora, descartada, pois empresários temem impactos inflacionários internos.