O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está analisando diversas estratégias em resposta às tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira (9/7). A medida, que pegou parte da administração brasileira de surpresa, é atribuída por Trump a questões políticas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
Integrantes do governo Lula, que falaram em caráter reservado à BBC News Brasil, afirmam que a justificativa política das tarifas dificulta a negociação de uma flexibilização. Com Bolsonaro inelegível após condenações por crimes eleitorais, o governo brasileiro não vê possibilidade de negociar a suspensão de processos contra o ex-presidente.
Diante desse cenário, o governo estuda diversificar suas parcerias comerciais, intensificando negociações com países como União Europeia, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Vietnã e Indonésia. O objetivo é reduzir a dependência do mercado americano, que, apesar das tarifas, continua sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com um comércio que movimentou US$ 80 bilhões em 2024. O desafio é significativo, uma vez que os Estados Unidos têm um histórico de superávit comercial com o Brasil, totalizando US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos.