Na última semana, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou sua comunicação, adotando uma abordagem de "nós contra eles" para conquistar o apoio da população mais pobre. Essa estratégia surge em um momento em que a popularidade do presidente enfrenta queda, conforme apontado pela mais recente pesquisa do Datafolha. O governo defendeu a taxação de bilionários, bancos e apostas em vídeos produzidos com inteligência artificial e nas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a Convenção Tributária da ONU.
Entretanto, essa retórica pode ter efeitos adversos. A implementação de novas taxas, como as chamadas "taxas das blusinhas" e o aumento do IOF, impactará tanto ricos quanto pobres, levando a uma percepção de que o governo cobra excessivamente e entrega pouco. Se as novas taxações sobre os mais ricos não resultarem em alívio para os mais pobres, a população pode se sentir enganada.
Além disso, a simplificação do discurso, que culpa instituições como os bancos, pode não ser convincente, considerando que o PT, após cinco mandatos, se tornou parte do establishment. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, criticou a abordagem do governo, afirmando que a dependência do Estado para corrigir desigualdades pode prejudicar a economia, resultando em inflação e um setor privado debilitado. Campos Neto alertou que essa retórica de divisão pode minar a credibilidade de instituições financeiras, como o Banco Central.