A disputa entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) intensificou-se em uma guerra de comunicação nas redes sociais. Desde 17 de junho, quando o Congresso começou a articular a derrubada do decreto presidencial que aumentava a alíquota do imposto, o governo tem utilizado conteúdos gerados por inteligência artificial para influenciar o debate público e pressionar parlamentares, especialmente o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Um levantamento da consultoria Bites revelou que, entre 25 de junho e 2 de julho, mais de 1 milhão de publicações favoráveis ao governo foram disseminadas nas redes sociais, gerando mais de 6 milhões de interações. A narrativa central gira em torno da oposição entre “ricos e pobres”, defendendo a taxação dos super-ricos e criticando a derrubada do decreto como um privilégio concedido a poucos. O TikTok se destacou como a plataforma onde vídeos satíricos, produzidos com IA, têm sido amplamente compartilhados.
Além da mobilização digital, o Partido dos Trabalhadores (PT) organizou uma reunião com cerca de 300 influenciadores de esquerda, com o objetivo de criar conteúdo de forma autônoma. Durante o encontro, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP) afirmou que o partido encontrou a “embocadura certa” para mobilizar sua base digital em torno da pauta tributária, enfatizando que a luta é contra os privilégios da elite. Apesar do tom combativo, Tatto negou qualquer orientação para ataques diretos ao Congresso, focando a crítica no que considera o “andar de cima”.