O Governo Central do Brasil, que inclui o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central, reportou um déficit primário de R$ 44,296 bilhões em junho de 2023. O resultado, que não considera os dividendos de estatais, representa uma piora de 8,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando o déficit foi de R$ 38,721 bilhões. Este é o quarto maior déficit registrado para o mês de junho, superado apenas pelos anos de 2020, 2021 e 2023.
As expectativas do mercado financeiro, que previam um déficit de R$ 39,9 bilhões para o mês, foram superadas, indicando um cenário fiscal mais desafiador. Com o resultado negativo de junho, as contas públicas, que apresentavam superávit até maio, agora acumulam um déficit primário de R$ 11,46 bilhões no primeiro semestre de 2023, uma melhora em relação ao déficit de R$ 67,373 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
O déficit primário é a diferença entre receitas e despesas, excluindo os pagamentos de juros da dívida pública. A meta estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano é de déficit primário zero, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB). Para julho, está previsto o pagamento de R$ 63 bilhões em precatórios, com uma revisão para baixo em relação à estimativa anterior de R$ 69 bilhões.
As despesas totais do governo subiram 7% em valores nominais em junho, impulsionadas principalmente pelos gastos com a Previdência Social, que aumentaram 5,7% acima da inflação. Em contrapartida, as receitas líquidas cresceram apenas 5,2%, mas, quando descontada a inflação, houve uma leve queda de 0,1%. A arrecadação federal recorde em junho ajudou a mitigar o déficit, embora as receitas não administradas pela Receita Federal tenham caído 23,8% na mesma comparação, devido à ausência de dividendos significativos de estatais como a Petrobras e o Banco do Brasil.