O governo brasileiro deve publicar até terça-feira (15) um decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, permitindo ao país retaliar a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O anúncio foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante um evento em São Paulo no último domingo (13). Alckmin afirmou que, embora o governo esteja se preparando para responder à medida, a prioridade continua sendo reverter a decisão antes de sua implementação, prevista para 1º de agosto.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, comunicou a imposição da tarifa por meio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alegando que a relação comercial entre os dois países é "injusta" e "não recíproca". Lula, por sua vez, convocou uma reunião para discutir a resposta brasileira e reiterou que o país não aceitará ser tratado de forma desigual. Ele destacou a importância do respeito à soberania nacional e às tradições diplomáticas do Brasil.
A Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso e sancionada por Lula, permite ao Brasil reagir a barreiras comerciais de outros países, incluindo a aplicação de sobretaxas e a suspensão de acordos comerciais. O decreto a ser publicado detalhará como essas medidas poderão ser implementadas. Enquanto isso, Lula planeja se reunir com representantes da indústria e exportadores afetados para avaliar os impactos da tarifa americana e coordenar a resposta, com um comitê interministerial liderado por Alckmin centralizando as negociações.
Na carta, Trump também indicou que poderá revisar as tarifas caso o Brasil elimine barreiras comerciais, mas advertiu que retaliará qualquer resposta com novas elevações nas taxas sobre produtos brasileiros. O governo brasileiro, no entanto, reafirma que não aceitará ameaças e que as decisões devem ser baseadas na verdade.