O banco Goldman Sachs divulgou um relatório nesta sexta-feira, 18, alertando que a economia brasileira está "fora de sincronia" e requer um ajuste fiscal permanente para evitar desequilíbrios tanto internos quanto externos. O documento destaca que, nos últimos anos, o Brasil tem se afastado gradualmente do equilíbrio econômico, apresentando inflação elevada, expectativas de inflação desancoradas, aumento da dívida pública e deterioração do saldo em conta corrente.
O relatório aponta que a combinação de uma política fiscal frouxa com uma política monetária apertada fortalece o real no curto prazo, mas pode fragilizar a moeda no futuro. O Goldman Sachs enfatiza que o simples aumento das taxas de juros não será suficiente para controlar a inflação ou o déficit em transações correntes, sendo necessário um conjunto mais amplo de medidas para garantir a estabilidade econômica.
Os economistas do banco sugerem que um "grande e permanente ajuste fiscal estrutural" é essencial para reduzir a absorção doméstica, conter a alta de preços e manter o déficit externo em níveis sustentáveis. Enquanto o governo não apresenta cortes de gastos ou aumento de receitas que possibilitem superávits primários, o ônus recai sobre o Banco Central, que enfrenta a necessidade de taxas reais altas no curto prazo, mas que não resolverão os problemas econômicos no médio prazo sem mudanças fiscais significativas.
A incerteza sobre a consolidação das contas públicas continua a elevar o prêmio de risco nos títulos de médio e longo prazo, conforme ressalta o relatório. Até que haja clareza sobre a trajetória fiscal, os investidores devem exigir retornos mais altos para financiar o Tesouro brasileiro.