Goiás tem se consolidado como uma das principais fronteiras da mineração de terras raras no Brasil, atraindo o interesse de países como Japão, China, Estados Unidos e membros da União Europeia. Esses minerais são essenciais para tecnologias de ponta e a transição energética, como veículos elétricos e turbinas eólicas. No entanto, especialistas do setor alertam que a transformação desse potencial em desenvolvimento econômico requer mais do que a simples exportação de minério bruto; é necessária uma infraestrutura industrial robusta e políticas públicas eficazes.
A única mina de terras raras em operação no Brasil está localizada em Minaçu, Goiás, sob a responsabilidade da mineradora Serra Verde. A planta já produz em escala industrial quatro elementos críticos — neodímio, praseodímio, térbio e disprósio —, mas todo o material é exportado, principalmente para a China, devido à falta de indústrias no Brasil que possam processar o concentrado mineral e integrá-lo à cadeia tecnológica.
Luiz Antônio Vessani, presidente do Sindicato da Indústria da Mineração do Estado de Goiás e Distrito Federal (MINDE), destaca que, apesar de Goiás ter a maior reserva brasileira de terras raras pesadas, o Brasil ainda representa uma pequena fração da produção global, que é dominada pela China. Ele defende a instalação de indústrias que possam processar o concentrado mineral no país, reduzindo a dependência externa e agregando valor à produção nacional. Além disso, Vessani aponta a lentidão no licenciamento ambiental como um dos principais obstáculos para novos projetos, pedindo agilidade nos trâmites sem a flexibilização da legislação.
Atualmente, há diversos projetos em fase de pesquisa ou implantação, como os da Aclara Resources em Nova Roma e da canadense Appia em Iporá. O diálogo com o governo de Goiás tem sido positivo, com o governador Ronaldo Caiado e seus secretários demonstrando interesse em discutir medidas de incentivo para o setor. O cenário geopolítico também pressiona o Brasil a se posicionar, especialmente após manifestações de interesse de autoridades japonesas nas jazidas goianas durante uma recente missão ao Japão.