A Associação de Trabalho e Produção Solidária da Saúde Mental (Gerarte), localizada no centro de Goiânia, se destaca como uma importante experiência de reinserção social na rede de saúde mental da capital. Fundada em consonância com a política antimanicomial e vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, a associação promove atividades laborais que visam à geração de renda e autonomia, diferentemente dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), onde a arte é utilizada como terapia.
Com cerca de 25 participantes, o Gerarte oferece oficinas de costura, bordado, tecelagem e produção de papel artesanal a partir de resíduos recicláveis. Os produtos são vendidos em escolas, parques e feiras, com a participação ativa dos associados. Patrícia Martins, terapeuta ocupacional e gerente da associação, destaca que a autogestão é fundamental, já que a Prefeitura não mantém o Gerarte integralmente, dependendo de doações e da venda dos produtos.
Apesar das dificuldades financeiras, agravadas pela extinção da Secretaria Nacional de Economia Solidária e cortes de repasses federais, a expectativa é de reconstrução com o novo ciclo político em Brasília. Iniciativas como a retomada de hortas e panificações em outras unidades da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estão sendo articuladas para ampliar a autonomia dos usuários. No entanto, desafios como a exigência de laudos atualizados para o passe livre no transporte coletivo ainda dificultam a permanência e a integração dos associados ao espaço.
"Mais do que sobreviver, queremos crescer. Para isso, precisamos de políticas públicas contínuas e apoio institucional", conclui Patrícia, ressaltando a importância do reconhecimento da reinserção como um ato de cuidado.