O general da reserva Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como um dos principais articuladores de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. As investigações da Polícia Federal (PF) revelaram o chamado 'Plano Punhal Verde e Amarelo', que detalha a trama para eliminar essas figuras proeminentes do Executivo e do Judiciário.
Durante seu interrogatório, realizado em 24 de julho, Fernandes admitiu ser o autor do plano, descrevendo-o como um 'estudo de situação' e uma 'análise de riscos'. O documento, que foi impresso no Palácio do Planalto, previa a criação de um 'gabinete de crise' após os assassinatos, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder. A PGR afirma que o ex-presidente tinha conhecimento do plano e liderava sua execução.
A PF, em seu relatório, destacou que as provas obtidas demonstram que Jair Bolsonaro planejou e atuou diretamente na organização criminosa que visava um golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito. A revelação do plano não surpreendeu, dado o histórico de declarações de Bolsonaro e a mobilização de extremistas em acampamentos em frente aos quartéis, que indicavam uma tentativa de deslegitimar o processo eleitoral brasileiro.
A confissão de Fernandes, que minimizou a gravidade do plano, levanta questões sobre a lógica de seus apoiadores, que buscam anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, apesar da evidência de que muitos deles tinham a intenção clara de desestabilizar a democracia. A situação evidencia a tensão política atual e a luta em torno da preservação do Estado Democrático de Direito no Brasil.