O general da reserva Mário Fernandes, de 61 anos, ex-comandante de Operações Especiais do Exército, assumiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a autoria de um plano para eliminar autoridades após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O documento, intitulado "Punhal Verde e Amarelo", delineava ações contra figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Fernandes, que conheceu Bolsonaro em 2019 durante uma visita ao Comando de Operações Especiais em Goiânia, ingressou no governo em 2021 como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. A investigação revelou que um arquivo digital com o plano foi encontrado em seu computador, o qual incluía o monitoramento da rotina de Moraes e articulações com ex-comandados das Forças Especiais.
Em depoimento, o general declarou que o documento representava apenas um "pensamento" e expressou arrependimento por tê-lo digitalizado. Em novembro de 2022, ele enviou uma mensagem ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, instando a ação imediata: "É agora ou nunca mais, comandante, temos que agir". A Procuradoria Geral da República (PGR) identificou Fernandes como um elo entre o governo e acampamentos golpistas em Brasília, onde esteve presente em quatro ocasiões.
A denúncia da PGR ressalta que o general coordenava atividades de "monitoramento e neutralização de autoridades" e planejava assessorar um gabinete em um cenário pós-golpe. Após o governo Bolsonaro, Fernandes atuou no gabinete do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.