A Faixa de Gaza alcançou um estado crítico de insegurança alimentar, com a ONU e especialistas afirmando que a região se aproxima do nível máximo de fome, conhecido como IPC 5. O alerta foi emitido nesta terça-feira, 29, em meio a um conflito que já dura quase dois anos. O Ministério da Saúde, sob controle do Hamas, reportou que o número de mortos devido aos ataques israelenses ultrapassou 60 mil, enquanto mais de 145 mil pessoas estão feridas, representando um em cada dez palestinos na área.
De acordo com a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), 1,95 milhão de habitantes de Gaza, ou 93% da população, estão em situação de crise, com 925 mil enfrentando uma condição de emergência e 244 mil em situação de catástrofe. O painel, que inclui mais de 20 organizações internacionais, destacou que Gaza já atende a duas das três condições necessárias para a classificação formal de fome, com escassez de alimentos e desnutrição infantil em níveis alarmantes.
Especialistas em segurança alimentar afirmam que a situação é crítica, com a desnutrição causando a morte de 79 pessoas em uma única semana, número que supera as fatalidades registradas nos 21 meses anteriores de conflito. Ross Smith, diretor de emergências do Programa Mundial de Alimentos (PMA), classificou a crise em Gaza como a mais grave enfrentada globalmente nas últimas décadas, comparando-a a desastres alimentares históricos.
Enquanto isso, Israel continua a restringir a entrada de ajuda humanitária, com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reconhecendo a dificuldade da situação, mas culpando a ONU e organizações humanitárias por falhas logísticas. A possibilidade de anexação de Gaza por Israel está sendo considerada por alguns membros do governo, em meio a uma crescente pressão internacional e ordens do Tribunal Internacional de Justiça para proteger os direitos dos palestinos.