Mais de 8 mil farmácias foram excluídas do programa Farmácia Popular do governo federal devido a irregularidades, conforme revelou Rafael Bruxellas Parra, diretor do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, em entrevista ao programa Fantástico no último domingo (20). A investigação da Polícia Federal (PF) identificou um esquema criminoso que utilizava farmácias de fachada em diversas regiões do Brasil para desviar quase R$ 40 milhões do programa e financiar o tráfico de drogas.
O programa, que oferece medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto, foi alvo de fraudes que envolviam o uso indevido de CPFs e endereços de pessoas inocentes. As investigações começaram após a apreensão de drogas em Luziânia (GO) e se expandiram para estados como Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Segundo Parra, "todos os dias combatemos cerca de 140 mil tentativas de autorizações irregulares no programa".
Entre os casos de fraude, destaca-se o do dentista Gustavo, de Sumaré (SP), que teve seu CPF utilizado para retirar insulina, mesmo não sendo diabético. A PF investiga ainda a movimentação financeira de supostos proprietários de farmácias, como Francisca Ferreira de Souza, que, apesar de viver em condições simples, movimentou quase R$ 500 mil em uma farmácia em Minas Gerais.
O diretor geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que as fraudes não comprometem a continuidade do Farmácia Popular, que já atende milhões de brasileiros há mais de 20 anos. Ele ressaltou a importância de aprimorar a vigilância e o controle sobre o programa para evitar novos desvios.