A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está coordenando um esforço conjunto entre os países do Brics para desenvolver pesquisas sobre vacinas que garantam o acesso das populações do Sul Global. Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da fundação, Mário Moreira, destacou que a pandemia de covid-19 evidenciou a necessidade de uma resposta unificada, já que países ricos monopolizaram suprimentos essenciais, deixando na retaguarda as nações mais pobres.
Moreira ressaltou que, até março de 2023, mais de 13,2 bilhões de vacinas foram aplicadas globalmente, mas menos de 1 bilhão foi destinada à África. A desigualdade no acesso às vacinas foi um fator crítico que impulsionou a colaboração entre os países do Brics, com o objetivo de desenvolver e produzir vacinas localmente, conforme proposto pelo Brasil na Cúpula do G20 do ano passado.
A Fiocruz está mobilizando institutos de pesquisa dos países membros para criar um repositório digital de projetos e alinhar interesses comuns. Além disso, a fundação busca firmar acordos para garantir financiamento para inovações em saúde, com o apoio de instituições como o Banco do Brics e grandes doadores internacionais. O Brasil, com sua robusta estrutura de vacinação, assume a liderança na iniciativa, ampliando suas cooperações, especialmente com países de língua portuguesa.
Para fortalecer suas relações internacionais, a Fiocruz inaugurará um escritório em Portugal no dia 22 de julho, que servirá como ponto focal para negociações com países europeus. A expectativa é que essa nova estrutura contribua para o avanço das iniciativas de saúde pública e pesquisa no âmbito do Brics.