O projeto da Ferrogrão (EF-170), uma ferrovia de 933 km que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), foi atualizado e apresentado em Sinop. A nova proposta evita a travessia por terras indígenas e pelo Parque Nacional do Jamanxim, questões que haviam gerado impasses judiciais e atrasos no empreendimento por anos. A informação foi divulgada por Guilherme Quintela, presidente da Estação da Luz Participações, responsável pela obra.
O Ministério dos Transportes está articulando a emissão da licença ambiental, etapa crucial antes do lançamento do edital de concessão, previsto para março de 2026. Se os prazos forem cumpridos, a construção da ferrovia poderá iniciar ainda em 2026, com conclusão estimada para 2035. O traçado seguirá margeando a BR-163, evitando reassentamentos e a construção de túneis, conforme o estudo de viabilidade técnica.
A Ferrogrão é considerada estratégica para a logística agrícola, com potencial para reduzir em até 20% os custos de frete de grãos, resultando em uma economia anual de aproximadamente R$ 8 bilhões. A ferrovia terá capacidade para transportar até 69 milhões de toneladas por ano até 2095, substituindo cerca de 422 caminhões por composição, que terá capacidade de 16,9 mil toneladas.
Além disso, a mudança na matriz logística poderá reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 40%, com uma estimativa de corte de 3,4 milhões de toneladas de CO₂ anualmente. O plano inclui também a construção de terminais em Sinop e Miritituba, além da integração com quatro novos portos na região Norte, em Santarém, Barcarena, Itacoatiara e Santana (AP). O projeto, no entanto, enfrenta desafios legais, com uma ação no STF questionando a constitucionalidade da Medida Provisória que permitiu a alteração dos limites do Parque Nacional do Jamanxim.