Fernando Arrabal Terán, um dos poucos intelectuais vivos que marcaram o século XX, nasceu em 1932 no Marrocos espanhol e se destacou como dramaturgo, poeta e cineasta. Sua infância foi marcada pela repressão da ditadura de Francisco Franco, que resultou na condenação e desaparecimento de seu pai, tenente do exército espanhol, em 1942. Apesar do trauma familiar, Arrabal foi reconhecido como 'superdotado' aos 10 anos e começou a escrever suas primeiras obras.
Em 1967, Arrabal foi preso durante uma visita à Espanha devido ao conteúdo subversivo de suas obras, que incomodavam o regime franquista. Ele é conhecido por sua contribuição ao 'Teatro do Pânico', um movimento que inclui outros grandes nomes como Ionesco e Beckett. Sua peça 'O Cemitério de Automóveis' fez grande sucesso no Brasil desde seu lançamento no final da década de 1960.
Além de dramaturgo, Arrabal escreveu mais de 700 livros, incluindo ensaios e novelas, e se opôs veementemente a todas as formas de ditadura. Entre suas obras mais notáveis estão as cartas dirigidas a ditadores como Francisco Franco e Fidel Castro, nas quais critica abertamente as atrocidades cometidas sob seus regimes. A carta a Franco, escrita em 1971, expressa seu sofrimento e indignação, enquanto a missiva a Castro, de 1984, denuncia a hipocrisia do regime cubano em contraste com a pobreza do povo.
A obra de Arrabal continua a ser relevante, refletindo sua luta contra a opressão e sua busca por liberdade, mesmo aos 92 anos, quando ainda se dedica à prática do xadrez e à criação literária.