A família de Gabriel Pereira, um jovem mineiro de 21 anos, denuncia um esquema de aliciamento para o serviço militar na Ucrânia, que ocorre abertamente nas redes sociais. Gabriel foi recrutado no início de 2023 e morreu em julho durante um confronto próximo à fronteira com a Rússia. A informação sobre sua morte chegou aos familiares por meio de amigos e listas divulgadas por perfis russos, e não há detalhes sobre a data exata do falecimento.
Desde a morte de Gabriel, a família enfrenta dificuldades para localizar seu corpo e realizar o translado para o Brasil, alegando negligência dos governos ucraniano e brasileiro. O Itamaraty e o governo da Ucrânia foram contatados, mas não responderam até o fechamento desta reportagem. A família afirma que Gabriel não revelou seu envolvimento com o recrutamento, que exigia sigilo e orientava os aliciados a mentir sobre o destino.
Gabriel, que trabalhava como cobrador de ônibus em Belo Horizonte e havia cumprido o serviço militar obrigatório, viajou para a Ucrânia em março de 2023, custeando a viagem de aproximadamente R$ 3 mil. Após chegar a Kiev, ele foi enviado diretamente para o front de batalha, onde serviu em diversas missões. O contato com a família foi interrompido em 3 de julho, quando ele informou que estaria em uma missão em Izium, uma área de intenso combate.
A confirmação da morte de Gabriel veio através de um amigo que havia retornado ao Brasil antes da última missão. A família busca apoio do Itamaraty, mas enfrenta entraves burocráticos, já que a morte de Gabriel ainda não foi oficialmente reconhecida pelo governo ucraniano, impedindo o início do processo de translado do corpo, conforme estipulado em contrato assinado por ele.