Investigações das forças de segurança do Ceará revelaram que líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) estão se refugiando na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. Essa movimentação, identificada nos últimos anos, levanta preocupações sobre o fortalecimento de alianças entre organizações criminosas de diferentes regiões do Brasil. Mesmo à distância, esses chefes continuam a orquestrar atividades no Ceará, incluindo mais de mil mortes e ataques a provedores de internet.
Em resposta a essa situação, uma operação conjunta das forças de segurança do Ceará e do Rio de Janeiro foi realizada no final de maio na Rocinha, resultando na apreensão de armas e mais de 200 quilos de drogas. No entanto, os criminosos conseguiram escapar por áreas de mata. Durante as investigações, foi constatado que os cearenses estavam abrigados em prédios construídos irregularmente pelo tráfico, incluindo um edifício de luxo com vista para o mar e diversas comodidades.
O sociólogo César Barreira, da Universidade Federal do Ceará, aponta que a migração dos chefes do CV para o Rio de Janeiro é impulsionada pelo aumento das ações de combate ao crime no Ceará. Ele destaca que a estrutura das favelas cariocas, com morros de difícil acesso, oferece um ambiente propício para a continuidade das atividades criminosas. Além disso, a presença de líderes locais, como John Wallace da Silva Viana, conhecido como 'Johny Bravo', tem facilitado a proteção e a operação dos traficantes cearenses na região.
De acordo com o promotor de Justiça Adriano Saraiva, do Ministério Público do Ceará, mais de 100 criminosos cearenses estão atualmente na Rocinha, com cerca de 30 deles ocupando posições de liderança. Para garantir sua segurança e permanência na comunidade, esses líderes pagam uma taxa mensal de R$ 100 mil, evidenciando a complexa rede de relações entre facções criminosas no país.