Exportadores brasileiros de armas e munições interromperam o envio de mercadorias para os Estados Unidos em resposta às tarifas de 50% anunciadas pelo presidente Donald Trump, que entrarão em vigor em 1º de agosto. O setor, que foi beneficiado durante o governo de Jair Bolsonaro, enfrenta uma crise, pois 61% das exportações de armas do Brasil têm como destino o mercado americano, sendo que a maioria dessas vendas provém do Rio Grande do Sul e São Paulo.
As tarifas foram justificadas por Trump devido ao tratamento judicial recebido por Bolsonaro em um processo relacionado a um suposto golpe de Estado. A Taurus Armas, maior fabricante de armas do Brasil, alertou que a manutenção das tarifas pode forçá-la a transferir sua produção para os EUA, o que resultaria na perda de até 15 mil empregos no Brasil, incluindo 3 mil diretos em sua fábrica em São Leopoldo (RS).
Salesio Nuhs, CEO da Taurus, criticou a falta de habilidade do governo brasileiro em negociar com os Estados Unidos, afirmando que a ineficácia nas negociações gera insegurança jurídica e ameaça a estabilidade dos empregos no setor. Em 2022, o Brasil exportou US$ 528 milhões em armas, com os EUA respondendo por 61,3% desse total, tornando o país o terceiro mais dependente do mercado americano para suas vendas.
A situação atual levanta preocupações sobre o futuro do setor de armas no Brasil, que pode sofrer severamente com a imposição das tarifas. A Taurus não respondeu a pedidos de comentários sobre o impacto das tarifas até o fechamento desta reportagem.