As exportações de milho do Brasil, que tradicionalmente aumentam no segundo semestre, enfrentam desafios significativos, conforme apontam analistas consultados pela Reuters. A China, um dos principais importadores do grão, tem mostrado uma presença reduzida no mercado, enquanto os Estados Unidos se preparam para uma forte concorrência, com previsões de colheita recorde.
Além das dificuldades de demanda, o Brasil enfrenta problemas logísticos e atrasos na colheita da safra 2024/25. Com a necessidade de embarcar uma parte considerável da safra recorde de soja, os portos brasileiros podem enfrentar congestionamentos, complicando ainda mais a situação para os exportadores de milho.
Apesar das incertezas, a consultoria StoneX estima que as exportações brasileiras de milho na atual temporada alcancem 42 milhões de toneladas, superando os 38,5 milhões do ciclo anterior, mas ainda abaixo do recorde de 54,6 milhões de toneladas de dois anos atrás. O analista Raphael Bulascoschi destaca que, embora a oferta seja robusta, a demanda precisa ser explorada, especialmente com a China se afastando do mercado.
Francisco Queiroz, da Consultoria Agro do Itaú BBA, reforça que a ausência da China impacta negativamente as exportações brasileiras, que devem buscar novos mercados, como Irã, Egito e Vietnã, embora esses países não tenham a mesma capacidade de absorção do gigante asiático. Ele alerta que, se a colheita dos EUA se confirmar como recorde, a janela de exportação brasileira poderá ser bastante limitada nos últimos meses do ano.