Empresários norte-americanos intensificaram a compra de carne bovina brasileira em março e abril, atingindo volumes recordes em resposta ao aumento de tarifas anunciado pelo presidente Donald Trump. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da USP, as exportações para os Estados Unidos superaram 40 mil toneladas mensais, um marco histórico para o setor. A expectativa em relação à nova política tarifária motivou a formação de estoques por parte dos importadores americanos.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em agosto, já provoca reações em ambos os países. Enquanto os importadores se apressam para garantir suprimentos, frigoríficos brasileiros consideram suspender novos envios aos EUA, que representam 12% das exportações de carne bovina nacional, atrás apenas da China, que responde por 49%.
O estudo do CEPEA também destaca os riscos para outros setores do agronegócio, com o suco de laranja sendo o mais vulnerável à nova taxação, devido a uma tarifa fixa já superior a 400 dólares por tonelada. Indústrias brasileiras já interromperam as exportações do produto para os EUA. O setor de café, que representa 25% das exportações brasileiras do grão, também pode ser severamente afetado pela sobretaxa, comprometendo a viabilidade econômica das operações no mercado americano.