Empresários norte-americanos intensificaram a compra de carne bovina brasileira em volumes recordes durante os meses de março e abril de 2023, em resposta ao anúncio de tarifas elevadas pelo presidente Donald Trump. Segundo um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da USP, as exportações para os Estados Unidos superaram 40 mil toneladas mensais, estabelecendo um novo marco histórico. Essa corrida por estoques foi motivada pela expectativa de um aumento significativo nas tarifas, que devem entrar em vigor no início de agosto.
A nova política tarifária, que prevê uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, já provoca reações em ambos os países. Importadores americanos estão se apressando para garantir seus estoques, enquanto frigoríficos brasileiros consideram suspender novos envios aos EUA, que representam atualmente 12% das exportações de carne bovina do Brasil, atrás apenas da China, que absorve 49%.
O estudo do CEPEA também destaca os possíveis impactos em outros setores do agronegócio. O suco de laranja é identificado como um dos produtos mais vulneráveis à nova taxação, já enfrentando uma tarifa fixa superior a 400 dólares por tonelada. Indústrias brasileiras já começaram a suspender as exportações do produto para os EUA. O setor de café, que representa 25% das exportações brasileiras, também pode ser severamente afetado pela sobretaxa, comprometendo a viabilidade econômica das operações no mercado americano.