O município de Autazes, localizado no estado do Amazonas, é alvo de um polêmico projeto de exploração de potássio, mineral essencial para a produção de fertilizantes. A empresa Potássio do Brasil, subsidiária da canadense Brazil Potash Corp, planeja extrair o recurso a 800 metros de profundidade, o que pode reduzir a dependência do Brasil de adubos importados, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. No entanto, a exploração promete impactos ambientais significativos, incluindo a derrubada de florestas e a geração de milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Cerca de 200 famílias da etnia mura, que habitam a região há mais de um século, estão preocupadas com as consequências da mineração. A comunidade, que aguarda a demarcação oficial de seu território pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde 2003, enfrenta pressões internas e ameaças, conforme relata o tuxaua Filipe Gabriel. Ele alerta que a exploração pode levar ao desmatamento de áreas ainda não afetadas e ao afundamento de regiões inteiras.
Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) aponta que as comunidades mais impactadas pelo projeto não foram consultadas durante o processo de licenciamento. Investigações revelam também um cenário de grilagem de terras, onde pecuaristas estariam negociando áreas com a Potássio do Brasil, o que agrava a situação de insegurança fundiária na região. Especialistas alertam que essa prática pode fortalecer o crime organizado e comprometer ainda mais os direitos dos povos indígenas locais.