A cidade de São Paulo enfrenta um grave problema de poluição sonora, que se tornou uma marca registrada da urbanidade local. O barulho constante, gerado por obras, engarrafamentos e outras atividades, compromete não apenas o bem-estar dos cidadãos, mas também a recuperação de pacientes em hospitais. Especialistas alertam que o excesso de som é um estressor biológico que pode elevar os níveis de cortisol e adrenalina, impactando a saúde mental e física da população.
A médica Maria Magalhães, especialista em Fatores Humanos e Segurança do Paciente, destaca que o som contínuo é um fator de risco crítico, especialmente em ambientes hospitalares. A Organização Mundial da Saúde recomenda limites de 40 decibéis à noite e de 35 a 45 decibéis em hospitais, patamares frequentemente desrespeitados na capital paulista. O ruído excessivo pode agravar condições como delirium, intensificar dores e aumentar o tempo de internação.
Particularmente preocupante é o impacto do barulho em UTIs neonatais, onde prematuros expostos a ambientes ruidosos podem ter seu desenvolvimento neurológico comprometido. Além disso, os profissionais de saúde também sofrem com a perda de foco e aumento de erros, sendo que o desempenho em ambientes barulhentos pode ser comparado ao de alguém levemente alcoolizado. A situação exige uma gestão cuidadosa das obras e atividades ruidosas, com medidas que priorizem a saúde e o bem-estar de todos os envolvidos.
O Hospital das Clínicas, um dos principais complexos de saúde da cidade, deve servir como exemplo na implementação de práticas que minimizem o impacto sonoro. A responsabilidade compartilhada entre instituições e a comunidade é essencial para garantir um ambiente mais saudável e propício à recuperação e à qualidade de vida dos cidadãos.