Clebson Ferreira, ex-servidor da Secretaria de Inteligência do Ministério da Justiça, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (14), onde afirmou ter sido instruído por uma subsecretária da pasta a elaborar relatórios que correlacionassem os votos recebidos por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a atuação de facções criminosas, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). O depoimento faz parte das investigações sobre uma suposta trama golpista que envolve 23 réus.
Ferreira relatou que a orientação recebida incluía a análise de dados estatísticos das eleições em áreas dominadas por facções, como o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, com o intuito de identificar uma possível concentração de votos em favor de Lula. Ele destacou que o pedido visava cruzar informações sobre municípios onde Lula ou Bolsonaro obtiveram mais de 75% dos votos, buscando mapear redutos eleitorais e ações de fiscalização que pudessem influenciar o resultado das eleições.
O ex-servidor também mencionou que, após a análise dos dados, notou um aumento na atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em regiões onde Lula teve uma votação expressiva. Ferreira apontou que, em áreas com alta concentração de votos para o petista, surgiram relatos de eleitores enfrentando dificuldades para votar devido a congestionamentos, reforçando as suspeitas de ações seletivas da PRF no dia da eleição.
Além de Ferreira, o STF ouviu o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, visando aprofundar as investigações sobre a articulação do suposto plano golpista. Após essa fase, os réus terão a oportunidade de apresentar suas alegações finais antes do julgamento pela Primeira Turma do STF.