O ex-major do Exército Ailton Moraes Barros negou, nesta quinta-feira (24), as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que teria colaborado com o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, para pressionar o comandante do Exército, general Freire Gomes, a apoiar um plano golpista após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O depoimento ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), onde Ailton afirmou que as mensagens trocadas entre ele e Braga Netto eram meros desabafos de um "perdedor de campanha".
Durante a audiência, presidida pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, Ailton Barros refutou a ideia de que teria atacado outros militares que não se aliaram ao plano. A PGR, no entanto, apresentou mensagens interceptadas pela Polícia Federal que indicam uma articulação para deslegitimar o tenente-brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica, e exaltar o almirante Almir Garnier Santos, que supostamente apoiou a trama.
Ailton também mencionou que, em um momento de confusão, enviou mensagens destinadas ao tenente-coronel Mauro Cid para Braga Netto. Ele alegou que não havia uma relação forte entre eles e que sua intenção era apenas tentar estabelecer um vínculo político com o general, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. A defesa de Garnier contestou as acusações, afirmando que a PGR não apresentou evidências concretas de sua participação na disseminação de informações falsas relacionadas ao golpe.
A denúncia da PGR destaca ainda que Ailton Barros teria incitado ações contra o general Freire Gomes, ameaçando "oferecer a cabeça dele aos leões" caso o comandante mantivesse sua posição contrária ao plano golpista. A investigação continua em andamento, com a análise das mensagens e depoimentos de outros envolvidos na trama.