Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça durante o governo Bolsonaro, declarou nesta quinta-feira (24) que o então ministro Anderson Torres alterou sua postura antes do segundo turno das eleições de 2022. Oliveira, que também é delegado da Polícia Federal, afirmou que Torres tentou estabelecer uma nova operação para aumentar o policiamento durante o pleito, mesmo diante de indícios de crimes eleitorais fora da competência da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), Oliveira relatou que Torres solicitou a criação de uma operação integrada entre a PF e a PRF, denominada "crime eleitoral zero", logo após o primeiro turno. O delegado, no entanto, argumentou que não havia viabilidade técnica para essa nova operação, pois já existia uma ação conjunta, chamada "eleições 2022", com o mesmo objetivo.
Oliveira também mencionou que a PRF havia solicitado aumento de verbas, totalizando R$ 4 milhões, para incrementar o efetivo, mesmo sem necessidade comprovada. Segundo o ex-diretor, os indícios de crimes eleitorais recebidos pela PF eram concentrados em áreas urbanas, onde a PRF não tinha atribuição. Ele destacou que, como assessor técnico, não via justificativa para a implementação de recursos adicionais, reforçando sua posição contrária aos pedidos feitos pelo ministro Torres.