Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, depôs nesta quinta-feira (24) em um processo que investiga uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante seu depoimento de mais de quatro horas, Martins alegou ser um bode expiatório utilizado por Mauro Cid, que se tornou delator e o implicou em uma reunião com comandantes das Forças Armadas no dia 7 de dezembro de 2022, onde teria apresentado um decreto golpista.
Martins contestou a credibilidade da delação de Cid, citando pareceres da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República que levantaram dúvidas sobre a veracidade das acusações. Ele afirmou que nunca esteve presente na reunião mencionada e que a ideia de que teria redigido um decreto golpista foi criada apenas com base na palavra de Cid. O ex-assessor é um dos seis réus do núcleo 2 da investigação, que é presidida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, do Supremo Tribunal Federal.
Os réus respondem por cinco crimes, incluindo organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado, com penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão. Martins, que se disse sob censura há quase dois anos, apresentou documentos que contestam sua presença no Palácio da Alvorada na data da reunião, além de testemunhos que corroboram sua defesa. O interrogatório dos réus é uma etapa crucial do processo, permitindo que os acusados se defendam das acusações em um ambiente controlado.